Os anos que passei como missionário na
Zambia foram duros mas muito bonitos. Trabalhei vários anos numa
paróquia rural em que viajávamos longas distàncias para fazer encontros
com os cristãos e celebrar a eucaristia em zonas remotas nas capelas do
mato. Passávamos dias nas aldeias, junto das pessoas, a comer e a dormir
em condições muito precárias. Nos poucos domingos em que havia Missa
naquela zona, os cristãos faziam grandes distâncias a pé para virem à
celebração. Nos outros domingos durante o ano, os cristãos reuniam-se
nas suas pequenas comunidades cristãs para rezar, discutir problemas,
tomar decisões e programar atividades. São comunidades em que todos
participam ativamente. Por outro lado, durante os anos que trabalhei em
Lilanda, um enorme bairro pobre da grande cidade de Lusaka, capital da
Zâmbia, a situação era completamente diferente. As pessoas vivem
apinhadas no bairro, confrontadas com toda a espécie de problemas. Não
era preciso viajar muito para encontrar as pessoas. Assim que saía de
casa, em cada canto da paróquia tropeçava com os grupos de apostolado em
reunião ou com os coros e grupos litúrgicos a fazerem ensaios para as
celebrações. Aos domingos a igreja, onde cabem mais de mil pessoas, está
sempre apinhada de gente. Todos participam com alegria ao ritmo de
cânticos lindíssimos: uma alegria genuina que brota do coração; a
alegria de nos sentirmos filhos de Deus, amigos de Jesus e membros da
Igreja.
Toda esta vitalidade da Igreja africana é fruto de um trabalho pastoral que vem de longe. Desde 1976 que os bispos das conferências episcopais da África oriental (AMECEA) decidiram que a prioridade do trabalho pastoral em todas as dioceses deveria ser a formação de pequenas comunidades cristãs (SCC), tendo como objectivo organizar a vida das paróquias à volta dessa prioridade e de capacitar os cristãos a participar ativamente na vida da Igreja, seguindo o modelo das comunidades dos primeiros cristãos em que “os que tinham abraçado a fé tinham um só coração e uma só alma” (Atos 4, 32); e em que os crentes “eram assíduos ao ensino dos apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações” (Atos 2, 42).
Foi
um trabalho pastoral aliciante em que eu participei com muito
entusiasmo e com o qual me identifiquei totalmente, ajudando os cristãos
a tomar consciência da sua vocação cristã e a criar um estilo de vida
de partilha e de serviço nas pequenas comunidades cristãs espalhadas por
todo o lado.
Na mensagem para o dia Mundial das Vocações, que este ano se realizou no dia 17 de abril, o Papa Francisco exprime o desejo que cada cristão possa experimentar a alegria de pertencer à Igreja e tenha a possibilidade de participar ativamente na vida e nas atividades das paróquias.
Para isso, é preciso que as paróquias sejam comunidades atrativas e dinâmicas onde se experimenta a alegria do evangelho e se respira fraternidade, dando espaço a cada um para pôr os seus talentos ao serviço da comunidade.
P.e Dário Balula Chaves
Secretariado Diocesano das Missões
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