Vanguarda é a parte do exército que vai à
frente, o contraponto da retaguarda. Os que abrem caminho, enfrentam e
derrotam os maiores e primeiros obstáculos.
Ser “Vanguarda Missionária” é anterior e mais importante que o fazer.
Orar e oferecer-se ao Pai precede todo o envio e missão. Diz o Mestre:
«A seara é grande e os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Dono da
seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide! Eu vos envio…»(Lc.
10,2.3).
Perante a imensidão da Missão e o nosso limite e incapacidade o que
fazer? Não é fazer, mas Ser: Pedir, rezar ao Pai. Eis a primeira Missão –
Vanguarda.
Jesus costumava enviar os discípulos, dois a dois a sua frente às terras
aonde Ele próprio havia de ir(cf. Lc. 10, 1). Vai à frente quem realiza
a Primeira Actividade da Missão: “Pedir ao Pai…”. Vai à frente quem é
de confiança e garantia de começo para êxito garantido.
Todos sabemos bem da Catequese e da dinâmica evangelizadora e
missionária: “Antes de falares às Pessoas de Jesus – vai a Jesus falar
das Pessoas”.
A necessidade de Vanguarda missionária.
São todos os que desejem oferecer-se em oblação ao Senhor, oferecer as
suas vidas tal qual. E todos somos chamados: «Peço-vos, irmãos, pela
misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como sacrifício
vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual. Não vos conformeis
com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa
mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom,
o que Lhe é agradável, o que é perfeito»(Rm 12, 1.2). Assim vemos que a
Missão começa sempre dentro de cada um e de dentro para fora. Do ser
para o fazer, do amar para o dar(-se). Mas há uma falange que vive esta
oblação de modo especial, permanente total – os irmãos mais frágeis: os
doentes, anciãos, reclusos, sozinhos, missionários idosos, doentes e
menos válidos com todos os Irmãos Contemplativos. Estes “pequeninos” são
a riqueza da Igreja, Corpo de Cristo. «Agora, alegro-me nos sofrimentos
que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às
tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja. Foi dela que eu
me tornei servidor, segundo a missão que Deus me confiou para vosso
benefício: levar à plena realização a Palavra de Deus»(Col. 1, 24.25). A
Vida como missão, confiada por Deus em benefício dos Irmãos: eis o
núcleo, o cerne de toda a vida missionária! Os irmãos vanguardistas –
mais ou menos frágeis – são sujeitos activos da missão, os primeiros
Missionários, a quem nos associamos rezando e depois servindo no meio
das Casas dos Homens. É a “missão silenciosa no amor” – como santa
Teresinha.
No coração da Igreja eu serei o amor – Teresa de Lisieux, Padroeira Missões
«Não obstante a minha pequenez, quereria iluminar as almas como os
Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo… Queria ser
missionário, não apenas durante alguns anos mas queria tê lo sido desde o
princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos. Mas acima
de tudo, ó meu amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à
última gota. Porque durante a oração estes desejos me faziam sofrer um
autêntico martírio, abri as epístolas de São Paulo a fim de encontrar
uma resposta. Casualmente fixei me nos capítulos XII e XIII da primeira
epístola aos Coríntios; e li no primeiro que nem todos podem ser ao
mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores, etc…. que a Igreja é formada
por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as
mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus
desejos e não me trazia a paz. Continuei a ler e encontrei esta frase
que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais
perfeitos; eu vou mostrar vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo
explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a
caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até
Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade. Ao considerar o Corpo
Místico da Igreja, não conseguira reconhecer me em nenhum dos membros
descritos por São Paulo; melhor, queria identificar me com todos eles. A
caridade ofereceu me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a
Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o
mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem
coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia
actuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir se, nem
os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a
derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as
vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares,
numa palavra, que o amor é eterno. Então, com a maior alegria da minha
alma arrebatada, exclamei: Ó Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a
minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na
Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes: no coração
da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim
será realizado o meu sonho».
Da autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus – (Manuscrits
autobiographiques, Lisieux 1957, 227-229) (Sec. XIX)
E a divina Revelação, em Jesus e S. Paulo : Todos nós, formamos o único
Corpo de Cristo que é a Igreja, somos ramos da Videira, Irmãos de Jesus,
Filhos do seu e nosso Pai (Jo. 15, 1-8; 20, 17; At.9,5).
Estes vanguardistas – são verdadeiros missionários, os primeiros.
Descobrem a sua vida como “missão” e de vanguarda. São eles mesmos
sujeitos de toda a missão em Igreja. E enviados dum modo específico e
único: vão à frente preparar o terreno, derrotar montanhas, para abrir
caminhos através do mar…para Jesus e o seu Reino chegar.
Deus amou tanto o Mundo que lhe entregou o seu Filho Unigénito, para que
todo o que acredita n’Ele não se perca mas tenha a Vida Eterna(Jo.
3,16). Nós anunciamos Cristo crucificado-ressuscitado(1Cor. 1,23).
Se
alguém quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, todos os
dias e siga-Me(Lc. 9,23). Se alguém Me serve, que Me siga, e onde Eu
estiver, aí estará também o meu servo.
E, se alguém Me servir, meu Pai o honrará(Jo. 12,26).
Sendo a Igreja, no dizer da teologia oriental, «a humanidade em vias de “trinitarização”, e o universo em vias de transfiguração», a eclesiologia é inseparável dos mistérios que estão no coração da revelação cristã e, portanto, inseparável da espiritualidade cristã em si mesma. A espiritualidade cristã é para ser vivida nessa comunidade chamada Igreja, onde os diferentes carismas e ministérios, suscitados pelo mesmo Espírito, não se opõem ou contrapõem entre si; mas, ao contrário, se complementam na liberdade, tendendo todos, juntos e cada um com a sua originalidade própria, para aquele que é o fim último do projecto cristão: a santidade.
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