domingo, 15 de janeiro de 2023

VANGUARDA MISSIONÁRIA – O QUE É

Vanguarda é a parte do exército que vai à frente, o contraponto da retaguarda. Os que abrem caminho, enfrentam e derrotam os maiores e primeiros obstáculos.
Ser “Vanguarda Missionária” é anterior e mais importante que o fazer. Orar e oferecer-se ao Pai precede todo o envio e missão. Diz o Mestre: «A seara é grande e os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide! Eu vos envio…»(Lc. 10,2.3).
Perante a imensidão da Missão e o nosso limite e incapacidade o que fazer? Não é fazer, mas Ser: Pedir, rezar ao Pai. Eis a primeira Missão – Vanguarda.
Jesus costumava enviar os discípulos, dois a dois a sua frente às terras aonde Ele próprio havia de ir(cf. Lc. 10, 1). Vai à frente quem realiza a Primeira Actividade da Missão: “Pedir ao Pai…”. Vai à frente quem é de confiança e garantia de começo para êxito garantido.
Todos sabemos bem da Catequese e da dinâmica evangelizadora e missionária: “Antes de falares às Pessoas de Jesus – vai a Jesus falar das Pessoas”.
A necessidade de Vanguarda missionária.
São todos os que desejem oferecer-se em oblação ao Senhor, oferecer as suas vidas tal qual. E todos somos chamados: «Peço-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito»(Rm 12, 1.2). Assim vemos que a Missão começa sempre dentro de cada um e de dentro para fora. Do ser para o fazer, do amar para o dar(-se). Mas há uma falange que vive esta oblação de modo especial, permanente total – os irmãos mais frágeis: os doentes, anciãos, reclusos, sozinhos, missionários idosos, doentes e menos válidos com todos os Irmãos Contemplativos. Estes “pequeninos” são a riqueza da Igreja, Corpo de Cristo. «Agora, alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja. Foi dela que eu me tornei servidor, segundo a missão que Deus me confiou para vosso benefício: levar à plena realização a Palavra de Deus»(Col. 1, 24.25). A Vida como missão, confiada por Deus em benefício dos Irmãos: eis o núcleo, o cerne de toda a vida missionária! Os irmãos vanguardistas – mais ou menos frágeis – são sujeitos activos da missão, os primeiros Missionários, a quem nos associamos rezando e depois servindo no meio das Casas dos Homens. É a “missão silenciosa no amor” – como santa Teresinha.

No coração da Igreja eu serei o amor – Teresa de Lisieux, Padroeira Missões
«Não obstante a minha pequenez, quereria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo… Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos mas queria tê lo sido desde o princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos. Mas acima de tudo, ó meu amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à última gota. Porque durante a oração estes desejos me faziam sofrer um autêntico martírio, abri as epístolas de São Paulo a fim de encontrar uma resposta. Casualmente fixei me nos capítulos XII e XIII da primeira epístola aos Coríntios; e li no primeiro que nem todos podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores, etc…. que a Igreja é formada por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me trazia a paz. Continuei a ler e encontrei esta frase que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais perfeitos; eu vou mostrar vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade. Ao considerar o Corpo Místico da Igreja, não conseguira reconhecer me em nenhum dos membros descritos por São Paulo; melhor, queria identificar me com todos eles. A caridade ofereceu me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia actuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno. Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Ó Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será realizado o meu sonho».
Da autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus – (Manuscrits
autobiographiques, Lisieux 1957, 227-229) (Sec. XIX)
E a divina Revelação, em Jesus e S. Paulo : Todos nós, formamos o único Corpo de Cristo que é a Igreja, somos ramos da Videira, Irmãos de Jesus, Filhos do seu e nosso Pai (Jo. 15, 1-8; 20, 17; At.9,5).
Estes vanguardistas – são verdadeiros missionários, os primeiros. Descobrem a sua vida como “missão” e de vanguarda. São eles mesmos sujeitos de toda a missão em Igreja. E enviados dum modo específico e único: vão à frente preparar o terreno, derrotar montanhas, para abrir caminhos através do mar…para Jesus e o seu Reino chegar.
Deus amou tanto o Mundo que lhe entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o que acredita n’Ele não se perca mas tenha a Vida Eterna(Jo. 3,16). Nós anunciamos Cristo crucificado-ressuscitado(1Cor. 1,23).

Se alguém quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, todos os dias e siga-Me(Lc. 9,23). Se alguém Me serve, que Me siga, e onde Eu estiver, aí estará também o meu servo.
E, se alguém Me servir, meu Pai o honrará(Jo. 12,26).

Sendo a Igreja, no dizer da teologia oriental, «a humanidade em vias de “trinitarização”, e o universo em vias de transfiguração», a eclesiologia é inseparável dos mistérios que estão no coração da revelação cristã e, portanto, inseparável da espiritualidade cristã em si mesma. A espiritualidade cristã é para ser vivida nessa comunidade chamada Igreja, onde os diferentes carismas e ministérios, suscitados pelo mesmo Espírito, não se opõem ou contrapõem entre si; mas, ao contrário, se complementam na liberdade, tendendo todos, juntos e cada um com a sua originalidade própria, para aquele que é o fim último do projecto cristão: a santidade.

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