FORMAÇÃO PRESBITERAL
PARA A MISSÃO
03. As características distintivas e conteúdos
fundamentais
O caminho formativo dos sacerdotes desde os anos do
Seminário é descrito na presente Ratio Fundamentalis partindo de quatro
características distintivas da formação, apresentada como única, integral,
comunitária e missionária.
A formação dos sacerdotes é a continuação de um único “caminho
de discipulado”, que se inicia com o batismo, se aperfeiçoa com os demais
sacramentos da iniciação.
Uma vez que o “discípulo sacerdote” sai da comunidade cristã
e a essa retorna, para servi-la e guiá-la como pastor, a formação se
caracteriza naturalmente como missionária, uma vez que tem como meta a
participação na única missão confiada por Cristo à Sua Igreja, isto é, a
evangelização, em todas as suas formas.
A ideia de fundo é que os Seminários possam formar
discípulos missionários “enamorados” do Mestre, pastores “com o cheiro das
ovelhas” que vivam no meio delas para servi-las e conduzi-las à misericórdia de
Deus. Por isso, é necessário que cada sacerdote se sinta sempre um “discípulo a
caminho”, carente constantemente de uma formação integral, compreendida como contínua
configuração a Cristo.
33. O presbítero, membro do Povo santo de Deus, é
chamado a cultivar o seu espírito missionário, exercendo com humildade a função
pastoral de guia dotado de autoridade, mestre da Palavra e ministro dos
sacramentos, ao mesmo tempo que pratica uma fecunda paternidade espiritual.
44. Os seminaristas, nas diversas etapas do seu
caminho, precisam de ser acompanhados de modo personalizado por aqueles que são
destinados a ter um papel na obra educativa, cada qual segundo a função e as
competências que lhe são próprias. O propósito do acompanhamento pessoal é
aquele de levar a cabo o discernimento vocacional e formar o discípulo
missionário.
61. O conceito de discipulado. O discípulo é aquele
que é chamado pelo Senhor a ficar com Ele (cf. Mc 3,14), segui-lo e tornar-se
missionário do Evangelho. Ele aprende quotidianamente a entrar nos segredos do
Reino de Deus, vivendo uma relação profunda com Jesus.
88. Alguns sacerdotes pertencem também aos novos movimentos
eclesiais, nos quais encontram um clima de comunhão e recebem força para um
renovado impulso missionário; outros vivem uma consagração pessoal nos Institutos
Seculares «que apresentam como nota específica a diocesanidade», sem que neles
estejam necessariamente incardinados.
91. A comunidade cristã é reunida pelo Espírito para
ser enviada em missão; então, a aspiração missionária e a sua concreta passagem
à prática são algo que pertence ao ser de todo Povo de Deus, o qual deve
colocar-se constantemente “em saída”, por que «a alegria do Evangelho, que
preenche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária». Esse
impulso missionário diz respeito, em modo ainda mais especial, àqueles que são
chamados ao ministério sacerdotal, como fim e horizonte de toda a formação.
A
missão revela-se como um outro fio condutor (cf. Mc 3,13-14), que une também as
dimensões já mencionadas, anima-as e fecunda-as, e permite que o sacerdote, uma
vez formado humana, espiritual, intelectual e pastoralmente, possa viver
plenamente o próprio ministério, na medida em que «é chamado a ter espírito missionário,
isto é, um espírito verdadeiramente “católico” que, partindo de Cristo, se
dirige a todos, a fim de que “todos os homens se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade” (1Tm 2,4)».
92. O conceito de formação integral reveste a máxima
importância …
113. Como componente da dimensão espiritual, deverão
estar presentes o conhecimento e a meditação dos Padres da Igreja, testemunhas
da vida milenária do Povo de Deus. Nos Padres, «o sentido da novidade da vida
cristã unia-se a certeza da fé. Daí emanava nas comunidades cristãs do seu
tempo uma “vitalidade explosiva”, um fervor missionário, um clima de amor que inspirava
as almas ao heroísmo da vida quotidiana».
171. No contexto do aumento da mobilidade humana, em
que o mundo inteiro se transformou numa “aldeia global”, não poderá faltar no
plano de estudos a missiologia, como genuína formação à universalidade da Igreja
e promoção do impulso evangelizador, não somente como missio ad gentes, mas
também como nova evangelização.
IN: Ratio Fundamentalis – O Dom da Vocação Presbiteral,
Congregação para o Clero,
8 de Dezembro de 2016