segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Formação Presbiteral para a Missão

 

FORMAÇÃO PRESBITERAL PARA A MISSÃO

03. As características distintivas e conteúdos fundamentais

O caminho formativo dos sacerdotes desde os anos do Seminário é descrito na presente Ratio Fundamentalis partindo de quatro características distintivas da formação, apresentada como única, integral, comunitária e missionária.

A formação dos sacerdotes é a continuação de um único “caminho de discipulado”, que se inicia com o batismo, se aperfeiçoa com os demais sacramentos da iniciação.

Uma vez que o “discípulo sacerdote” sai da comunidade cristã e a essa retorna, para servi-la e guiá-la como pastor, a formação se caracteriza naturalmente como missionária, uma vez que tem como meta a participação na única missão confiada por Cristo à Sua Igreja, isto é, a evangelização, em todas as suas formas.

A ideia de fundo é que os Seminários possam formar discípulos missionários “enamorados” do Mestre, pastores “com o cheiro das ovelhas” que vivam no meio delas para servi-las e conduzi-las à misericórdia de Deus. Por isso, é necessário que cada sacerdote se sinta sempre um “discípulo a caminho”, carente constantemente de uma formação integral, compreendida como contínua configuração a Cristo.

33. O presbítero, membro do Povo santo de Deus, é chamado a cultivar o seu espírito missionário, exercendo com humildade a função pastoral de guia dotado de autoridade, mestre da Palavra e ministro dos sacramentos, ao mesmo tempo que pratica uma fecunda paternidade espiritual.

44. Os seminaristas, nas diversas etapas do seu caminho, precisam de ser acompanhados de modo personalizado por aqueles que são destinados a ter um papel na obra educativa, cada qual segundo a função e as competências que lhe são próprias. O propósito do acompanhamento pessoal é aquele de levar a cabo o discernimento vocacional e formar o discípulo missionário.

61. O conceito de discipulado. O discípulo é aquele que é chamado pelo Senhor a ficar com Ele (cf. Mc 3,14), segui-lo e tornar-se missionário do Evangelho. Ele aprende quotidianamente a entrar nos segredos do Reino de Deus, vivendo uma relação profunda com Jesus.

88. Alguns sacerdotes pertencem também aos novos movimentos eclesiais, nos quais encontram um clima de comunhão e recebem força para um renovado impulso missionário; outros vivem uma consagração pessoal nos Institutos Seculares «que apresentam como nota específica a diocesanidade», sem que neles estejam necessariamente incardinados.

91. A comunidade cristã é reunida pelo Espírito para ser enviada em missão; então, a aspiração missionária e a sua concreta passagem à prática são algo que pertence ao ser de todo Povo de Deus, o qual deve colocar-se constantemente “em saída”, por que «a alegria do Evangelho, que preenche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária». Esse impulso missionário diz respeito, em modo ainda mais especial, àqueles que são chamados ao ministério sacerdotal, como fim e horizonte de toda a formação.  

A missão revela-se como um outro fio condutor (cf. Mc 3,13-14), que une também as dimensões já mencionadas, anima-as e fecunda-as, e permite que o sacerdote, uma vez formado humana, espiritual, intelectual e pastoralmente, possa viver plenamente o próprio ministério, na medida em que «é chamado a ter espírito missionário, isto é, um espírito verdadeiramente “católico” que, partindo de Cristo, se dirige a todos, a fim de que “todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4)».

92. O conceito de formação integral reveste a máxima importância …

113. Como componente da dimensão espiritual, deverão estar presentes o conhecimento e a meditação dos Padres da Igreja, testemunhas da vida milenária do Povo de Deus. Nos Padres, «o sentido da novidade da vida cristã unia-se a certeza da fé. Daí emanava nas comunidades cristãs do seu tempo uma “vitalidade explosiva”, um fervor missionário, um clima de amor que inspirava as almas ao heroísmo da vida quotidiana».

171. No contexto do aumento da mobilidade humana, em que o mundo inteiro se transformou numa “aldeia global”, não poderá faltar no plano de estudos a missiologia, como genuína formação à universalidade da Igreja e promoção do impulso evangelizador, não somente como missio ad gentes, mas também como nova evangelização.

IN: Ratio Fundamentalis – O Dom da Vocação Presbiteral,

Congregação para o Clero,

8 de Dezembro de 2016

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