domingo, 15 de janeiro de 2023

Imbuídos do espírito de missão

 

 Toda a Igreja é missionária. E não pode descuidar-se dessa missão, sob pena de trair o mandato do Senhor Jesus: -

“Ide! Ide por todo o mundo e anunciai a Boa-Nova”.
Por isso seria tremendamente redutor e abusivo pensar que a missão se situa num mundo longínquo, circunscrita a povos que ainda não conhecem Cristo nem a Sua mensagem de Libertação que enche de novidade jubilosa os corações.
Não! – Quando falamos em missões, não podemos excluir ninguém. Nenhum batizado e fiel ao sopro do Espírito que recebeu no Batismo, poderá eximir-se desse desígnio. Porque o Batismo nos configura ao próprio Cristo – Sacerdote, Profeta e Rei. Assim, ficamos inseridos na Sua vida e também no Seu Agir.
Por conseguinte uma certa mentalidade do passado que dava a entender que a “missão” ficava longe, noutras terras e noutros continentes algo estranhos à nossa perceção e alcance, é uma ideia peregrinamente estranha e obstrusa. Não ficam no “Ultramar”, muito menos no “Espaço” os territórios de missão. O termo “Ad Gentes” usado pelos documentos conciliares, muito rico na sua substância, pode levar alguém a pensar isso, de forma precipitada.
Outrora, no longo espaço de tempo compreendido entre os séculos XVI e o século XIX (e mesmo, até à primeira metade do século XX) a missão estava associada às descobertas e à implantação da soberania nacional nos territórios em vias de colonização (no que aos Portugueses e Espanhóis e depois aos Ingleses e Holandeses diz respeito).
Hoje todos vamos tomando consciência de que a Europa de raízes cristãs está envelhecida, anémica. Infelizmente perdeu a memória das suas origens e raízes cristãs.
Por essa razão já não nos surpreende que um espírito missionário revigorado se imponha aos homens e mulheres do nosso tempo, como discípulos e enviados desta hora a este “sitz in leben” caraterizado pelo materialismo, pragmatismo cinzento (cito o Papa Francisco), pelo hedonismo despersonalizante e acrítico e pelo sincretismo paganizante, que vivem e proliferam portas meias connosco e envolvem a nossa circunstância cultural económica, política e, porque não dizê-lo, eclesial (!…).
Talvez sintamos a “tentação” minimalista de recordar com nostalgia a figura dos missionários que partiam (e partem ainda hoje) para longe, muitas vezes arriscando a vida e desprezando o conforto e a riqueza material. Devemos estar-lhes supinamente reconhecidos pelo imenso trabalho apostólico, cultural, social, humanitário, etc., desenvolvido, em terras e povos que o poder político ignorava, mas não nos ludamos com essa mentalidade restritiva e saudosista. Também não podemos seixar de olhar com confiança renovada e dar graças ao Pai do Céu por tantos voluntários leigos e religiosos (sobretudo religiosas) que trabalham em zonas de perigosidade e risco de vida, em defesa dos direitos dos pobres, perseguidos e oprimidos.
Mas a missão está à nossa beira. Começa na casa de cada um, na família de cada um, na fábrica/empresa de cada um, no bairro de cada um, nos diversos ambientes onde cada um é chamado a testemunhar a presença de Deus e a alegria do Evangelho.
Depois desta pequena introdução, terei todo o gosto em enviar alguns textos com testemunhos de pessoas que conheci, as quais se deram de corpo e alma à missão evangelizadora.
Grato ao padre Alípio pelo convite que me fez, ao qual respondo com muito prazer, ciente da minha pobreza sufragada pela vontade de estar ao serviço. Penso que também isso faça parte da missão.
Desejo ao Secretariado Diocesano das Missões um bom e profícuo trabalho.

Diác. António Poças

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