Toda a Igreja é missionária. E não pode descuidar-se dessa missão, sob pena de trair o mandato do Senhor Jesus: -
“Ide! Ide por todo o mundo e anunciai a Boa-Nova”.
Por isso seria tremendamente redutor e abusivo pensar que a missão se
situa num mundo longínquo, circunscrita a povos que ainda não conhecem
Cristo nem a Sua mensagem de Libertação que enche de novidade jubilosa
os corações.
Não! – Quando falamos em missões, não podemos excluir ninguém. Nenhum
batizado e fiel ao sopro do Espírito que recebeu no Batismo, poderá
eximir-se desse desígnio. Porque o Batismo nos configura ao próprio
Cristo – Sacerdote, Profeta e Rei. Assim, ficamos inseridos na Sua vida e
também no Seu Agir.
Por conseguinte uma certa mentalidade do passado que dava a entender
que a “missão” ficava longe, noutras terras e noutros continentes algo
estranhos à nossa perceção e alcance, é uma ideia peregrinamente
estranha e obstrusa. Não ficam no “Ultramar”, muito menos no “Espaço” os
territórios de missão. O termo “Ad Gentes” usado pelos documentos
conciliares, muito rico na sua substância, pode levar alguém a pensar
isso, de forma precipitada.
Outrora, no longo espaço de tempo compreendido entre os séculos XVI e o
século XIX (e mesmo, até à primeira metade do século XX) a missão
estava associada às descobertas e à implantação da soberania nacional
nos territórios em vias de colonização (no que aos Portugueses e
Espanhóis e depois aos Ingleses e Holandeses diz respeito).
Hoje todos vamos tomando consciência de que a Europa de raízes cristãs
está envelhecida, anémica. Infelizmente perdeu a memória das suas
origens e raízes cristãs.
Por essa razão já não nos surpreende que um espírito missionário
revigorado se imponha aos homens e mulheres do nosso tempo, como
discípulos e enviados desta hora a este “sitz in leben” caraterizado
pelo materialismo, pragmatismo cinzento (cito o Papa Francisco), pelo
hedonismo despersonalizante e acrítico e pelo sincretismo paganizante,
que vivem e proliferam portas meias connosco e envolvem a nossa
circunstância cultural económica, política e, porque não dizê-lo,
eclesial (!…).
Talvez sintamos a “tentação” minimalista de recordar com nostalgia a
figura dos missionários que partiam (e partem ainda hoje) para longe,
muitas vezes arriscando a vida e desprezando o conforto e a riqueza
material. Devemos estar-lhes supinamente reconhecidos pelo imenso
trabalho apostólico, cultural, social, humanitário, etc., desenvolvido,
em terras e povos que o poder político ignorava, mas não nos ludamos com
essa mentalidade restritiva e saudosista. Também não podemos seixar de
olhar com confiança renovada e dar graças ao Pai do Céu por tantos
voluntários leigos e religiosos (sobretudo religiosas) que trabalham em
zonas de perigosidade e risco de vida, em defesa dos direitos dos
pobres, perseguidos e oprimidos.
Mas a missão está à nossa beira. Começa na casa de cada um, na família
de cada um, na fábrica/empresa de cada um, no bairro de cada um, nos
diversos ambientes onde cada um é chamado a testemunhar a presença de
Deus e a alegria do Evangelho.
Depois desta pequena introdução, terei todo o gosto em enviar alguns
textos com testemunhos de pessoas que conheci, as quais se deram de
corpo e alma à missão evangelizadora.
Grato ao padre Alípio pelo convite que me fez, ao qual respondo com
muito prazer, ciente da minha pobreza sufragada pela vontade de estar ao
serviço. Penso que também isso faça parte da missão.
Desejo ao Secretariado Diocesano das Missões um bom e profícuo trabalho.
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